Funis coletores
São um equipamento usado em lagos e servem para captar bolhas que se desprendem espontaneamente do sedimento, a finalidade sendo quantificar a taxa de emissão de gases como metano (CH4), dióxido de carbono (CO2) etc devida a essas bolhas (Fig. 1). Na posição de trabalho dentro da água cada funil pende de duas bóias, seu topo ficando ~30 – 40 cm abaixo da superfície da água (Fig. 2). No topo do funil fica rosqueado um frasco de ~500mL inicialmente cheio de água. As bolhas captadas entram no frasco e deslocam essa água. Vinte e quatro horas após a instalação se mede o volume de gás captado e se leva alíquota para análise. Recomendamos o uso de ampolas gasométricas para o transporte de alíquotas. O gás captado contém 20 – 60 % de metano, o balanço sendo nitrogênio, ~2% de oxigênio ~0,5% argônio, ~300 ppb de óxido nitroso etc. O oxigênio entra na bolha quando ela viaja através de água óxica em sua subida à superfície.
Nos trópicos, a intensidade do desprendimento de bolhas depende da profundidade, sendo ela mais intensa na água rasa perto da margem. Ela diminui com o aumento da profundidade, e em água além de ~30 m de profundidade a emissão por bolhas cessa. Assim, existe nos lagos uma faixa ao longo da margem que emite bolhas. Para avaliar a taxa média de emissão de bolhas dessa faixa empregam-se transects de funis, que são “cordões” de 5 funis, com 2 funis instalados onde a profundidade é 5 m, 2 funis onde a profundidade é de 10 m e 1 funil onde ela é 20m. Os dois extremnos de um cordão são presos a poitas. Instalando transects, por 24 horas, em diversas regiões de um lago se pode, a partir dos volumes de gás captados e do resultado das análise, calcular a taxa de emissão média da faixa que emite. Por meio de uma regressão se pode calcular a profundidade além da qual não ocorre mais emissão por bolhas. Dessa forma é possível quantificar a emissão total devida a bolhas de um lago todo.
Calculada a profundidade máxima até onde se estende a faixa que emite bolhas, sua área total pode ser obtida, em princípio, dos dados de projeto de uma represa hidroelétrica, conhecidos como “dados de cota-área”. Porém, quando tais dados não são accesíveis, é possível estimar essa área a partir da profundidade da represa na barragem e de sua área total. Para isto se usa o modelo da “pirâmida invertida” (ver nesse site em “Ferramentas da Limnologia”, Método para determinar áreas em função da profundidade ).
Para transportar funis de um sítio de transect para outro eles não precisam ser desmontados, mas, mesmo amarrados um a outro, podem ser empilhados e levados de barco.
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